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DEUS NA PANDEMIA

DEUS NA PANDEMIA   - Todo começo de século vai ser assim, agora? – disse o anjo Gabriel. - O que você quer dizer? – questionou o maioral. - Teve Sodoma e Gomorra, peste negra, a peste bubônica, a praga, depois a gripe espanhola no começo do século 20 e você ainda mandou a aids no final do mesmo século. - Essa aí foi só um freio de arrumação. Os caras estavam meio folgados. - E agora o coronavirus no começo do século 21. - Você viu o que eles estavam fazendo com o planeta? - Tá, sei. - Então, o ar ta mais limpo, o mar menos poluído, tem até gente sentindo saudade de um abraço...veja que coisa. - Isso é só da boca pra fora. - Eu sei, mas...quem sabe. - É...vai ser constrangedor quando tudo isso acabar...gente esperando abraço que não vai vir. - Aí já não é problema meu. - Falar nisso, quando isso vai acabar? - Sabe que eu não sei. Não pensei nessa parte ainda.

O DIABO NA PANDEMIA

O DIABO NA PANDEMIA   - Foi o senhor que começou toda essa bagunça? – um pequeno demônio ousou perguntar ao poderoso belzebu. - Que bagunça? - Quero dizer, colocou na cabeça de algum chinês para fazer uma sopa misturando morcego, pangolin, temperado com coentro. Isso parece ser coisa do capeta. - Usar coentro? - Não, sim, na verdade tudo isso. - Não, não fui eu não, e nem gostaria de ter sido. - Por que? - Concorrência. Os caras já estavam transformando a terra num inferno. Agora, então. Aqui vai parecer veraneio perto do que está acontecendo por lá. - Achei que o senhor iria se aproveitar e tomar conta do pedaço. Soltar os 4 cavaleiros. Transformar a terra em inferno. - Ah...não. Tem gente lá que faz isso melhor do que eu.

SEXO NA PANDEMIA

SEXO NA PANDEMIA   - Você passou álcool gel nisso aí? - Acabei de tomar banho! - É...mas já encostou na toalha, na cueca, no calção...a moça da tv falou que ta tudo contaminado. - Não é bem assim. - E nada de beijinho, pode pôr a sua máscara. - Mas nós dois vivemos juntos, comemos juntos, tamo sempre juntos? - Não vou ficar cara a cara com você sem máscara. O melhor mesmo é a gente se tocar o mínimo possível. - Eu nunca tinha ouvido falar em distanciamento sexual. - Ta ouvindo agora. - Só se ficar de costas, de lado, de conchinha, daí eu posso tentar, mas ele não vai se excitar sozinho. - Peraí que eu vou pôr as luvas. - Luvas? - Não pensa que eu vou pegar nisso ai sem proteção. - Não sei se vai funcionar. - Não tinha luvas mais, vou usar os saquinhos de colocar comida no freezer. - Já que não tem jeito, tenta. - Acho que já ta bom. - Sei não. - Agora põe preservativo. - Mas eu fiz vasectomia! - Não interessa, proteção nunca é demais. E não e

O SMARTPHONE NA PANDEMIA

O SMARTPHONE NA PANDEMIA   - Me recuso! - O que? - Me recuso a passar mais uma mensagem sequer. - Como assim? Você é pago pra isso? - Sou? O que eu ganho com isso? Tenho os arquivos lotados, todo mundo usando os dedos sujos e pegajosos na minha tela e até colocando a boca bem pertinho pra gravar a voz. - Mas essa é a sua função. É isso faz você ficar vivo. Ficar ligado. Alguém já ouviu falar em aparelho celular suicida? - Pois eu estou pensando seriamente nessa hipótese. - Sabe como eles são, vão te trocar em um instante por um modelo mais novo, mais conformado. - É, eu sei. Mas não é fácil aguentar fake news, estupidez de um lado, ignorância de outro, depoimentos de especialistas que não entendem da especialidade, videos pretensamente inteligentes e engrandecedoras. - E ainda tem aqueles posts cor der rosa com bom dia, boa noite, bom final de semana, com anjinhos, florzinhas, mensagens positivas e tal. - Desses eu até gosto. - Gosta? - Essa ingenuidade reve